Ponto de Vista - Pedro Henrique
O nosso entrevistado da vez é o professor Pedro Henrique Torquato, 28 anos,
formado e pós-graduado em História. O
jovem professor vem se destacando por sua forma dinâmica e inovadora de
lecionar que atrai a atenção dos alunos e consegue ótimos resultados. Foi por esse
e outros motivos, que ele é o nosso entrevistado da vez e vai nos dá o seu
ponto de vista sobre os desafios na Educação.
Venturosa360° - Com suas palavras, nos fale: Quem é Pedro Henrique?
PH - “Eu...
Eu... Nem eu mesmo sei, nesse momento... Eu... Enfim, sei quem eu era, quando
me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então.
(Lewis Carroll)
QUEM
SOU EU
Sou uma pessoa feliz,
Amo muito a vida
E dela sou aprendiz;
Tenho várias paixões,
Mas, como qualquer um,
Possuo imperfeições;
Se os caminhos desta vida
Ainda não sei de cor,
Pelo menos busco,
A cada dia,
Tornar-me alguém melhor.
Sou uma pessoa feliz,
Amo muito a vida
E dela sou aprendiz;
Tenho várias paixões,
Mas, como qualquer um,
Possuo imperfeições;
Se os caminhos desta vida
Ainda não sei de cor,
Pelo menos busco,
A cada dia,
Tornar-me alguém melhor.
(Dennys
Távora)
Sou
um cristão, tentando hoje ser um pouco melhor do que era ontem.
‘E
não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do
vosso entendimento.’ (Romanos 12:2)”
Venturosa360° - Quando você iniciou a sua carreira docente? Qual foi a maior
dificuldade encontrada? Como fez para superar esse obstáculo?
PH – “Iniciei
fazendo algumas substituições para o professor Emerson, e posteriormente
assumindo algumas licenças na rede municipal. Era um pouco complicado, pois
geralmente os horários das aulas chocavam com os da faculdade, mas como
necessitava do dinheiro para pagar o curso superior, acabei tendo que fazer
alguns sacrifÃcios. Outra dificuldade que enfrentei foi à falta de atenção de
alguns alunos e para resolver essa problemática tentei dinamizar ao máximo
minhas aulas”.
Venturosa360° - Em quais instituições você leciona e há quanto tempo?
PH – “Na Prefeitura
Municipal de Venturosa-PE há 8 anos; Prefeitura Municipal de Ibimirim-Pe há 8
meses e no PREVUPE de Arcoverde-PE há 1 ano”.
Venturosa360° - Durante esse perÃodo na docência, o que mais te surpreendeu de forma
positiva? Comente:
PH – “Embora
muitos estigmatizem os alunos da rede pública como limitados e incapazes, tenho
observado que os estudantes têm um grande potencial, e para evoluir suas
habilidades só necessitam serem estimulados corretamente pelo meio no qual
estão inseridos”.
Venturosa360° - Já sofreu algum tipo de violência ou ameaça vinda de alunos?
PH – “Graças
a Deus nunca sofri nenhuma grave ameaça ou fui agredido! Mas tenho vários
colegas de profissão que já passaram por esse problema. Infelizmente, hoje em
dia está se tornando muito difÃcil lecionar, pois os alunos têm cada vez mais
direitos e o sistema muitas vezes não exige que eles cumpram com seus deveres”.
Venturosa360° - Você sente-se valorizado enquanto profissional da educação? Por quê?
PH – “Creio
que esse seja um grave problema de nossa sociedade, somos o paÃs do futebol e
do carnaval, não da educação. Nossas crianças sonham em se tornar astros do
futebol e não professores, médicos, engenheiros...
Como podemos nos sentir valorizados
vendo jogadores ganhando milhões mensalmente e sendo tratados como heróis
nacionais? Mulheres ganhando uma fortuna para exibir seus corpos na avenida,
enquanto os professores da rede pública estadual e municipal, para darem uma
vida razoavelmente digna financeiramente a sua famÃlia, têm que se desdobrarem
em dois empregos trabalhando os três horários. É comum ouvirmos polÃticos
falarem da importância crucial da educação, mas na hora de nos dar suporte
material e financeiro para lecionarmos a conversa é bem diferente; para aumentarem
o próprio salário são ágeis, mas quando é o do professor nunca tem verba. Se
nossa classe é tão importante, por que não nos pagam melhor assim como aos
vereadores, deputados e senadores? Eles que trabalham muito, que fazem bastante
por nossas cidades, são grandes exemplos de honestidade, integridade moral e
por isso ganham muito mais que um professor”.
Venturosa360° - A sua forma inovadora de lecionar vem chamando bastante atenção,
principalmente, quando você se caracteriza de personagens históricos. Como
surgiu essa ideia? E quais os resultados conquistados?
PH – “Bom,
surgiu quando eu lecionava no Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro em
Garanhuns-PE, tinha algumas turmas de 6º ano que eram bastante inquietas, mas
que tinham muita facilidade para assimilar conhecimento desde que prestassem atenção.
Eu tinha que ministrar algumas aulas sobre a filosofia grega, que normalmente
os alunos acham muito chato e entediante. Então, para chamar a atenção dos
alunos, avisei que preparassem uma entrevista, pois na aula seguinte eles iriam
receber a visita de um filósofo grego, fato que os deixou muito curiosos. No
dia seguinte, fui à aula fantasiado de Sócrates, levei a turma para uma sala de
aula ao ar livre e lá eles entrevistaram o personagem. Creio que o resultado foi
bastante satisfatório, pois ficaram bastante curiosos em conhecer Sócrates e seus
ideais. Acredito que dificilmente esquecerão aquele momento, já que foi algo
bastante incomum para suas rotinas escolares. A aula também atraiu bastante Ã
atenção dos demais estudantes, o que os levou também a assimilarem o pouco de
conhecimento a respeito do tema, já que eles queriam observar o que nós
estávamos fazendo”.
Venturosa360° - Sobre o seu Ponto de Vista a respeito da Educação pública em Venturosa:
Como você avalia a estrutura educacional de nosso municÃpio? Quanto à infraestrutura
das escolas, merenda escolar, professores, gestores, alunos e a materiais
didáticos?
PH – “Bom,
a estrutura fÃsica das escolas é alvo de muitas criticas, principalmente, por
parte do alunado que reclama que as salas são muito abafadas, quentes e com
pouca luz natural. Também tem o problema da acústica em algumas salas térreas, o
barulho das salas superiores atrapalha bastante.
A merenda poderia ser incrementada com
alimentos mais nutritivos, saudáveis e adequada para o horário no qual são
servidas. No geral, é razoável.
Quanto ao material didático, a maioria
das escolas tem bons recursos e em boa quantidade e qualidade.
Com relação às equipes gestoras, creio
que o mais adequado seria implantar gestão democrática, aonde o gestor fosse
eleito pela comunidade escolar e os coordenadores fossem escolhidos mediante
seletivas internas.
Sobre os professores, enfrentamos
problemas com comodismos, falta de atualização e até mesmo desânimo. Com relação
à continuação na profissão, creio que um dos motivos seja os baixos salários
ofertados e a existência de um PCC que pouco valoriza o tempo de serviço e a
escolaridade dos servidores da Educação. Por que será que tão poucos professores
da rede municipal fizeram mestrado? Paga-se o piso e em dia (regularmente). Mas
isso não é o suficiente! Queria poder comprar um carro sem ser em 60 vezes ou
uma casa em 30 anos!
No geral, observo que nosso municÃpio
está evoluindo. Se comparado a outros, pode ser tido como bom, mas não devemos
nos comparar a quem está pior e sim a quem é exemplo de boa qualidade
educacional para então podermos avançar mais e mais rápido. Pois se formos
crescer na velocidade da maioria dos municÃpios, continuaremos durante muito
tempo formando muitos alunos semianalfabetos e que dificilmente ingressarão em
uma universidade”.
Venturosa360° - Ainda sobre a Educação. O que você destacaria como o ponto mais forte e
o mais fraco? Explique:
PH – “No
meu caso, eu gosto muito de realizar aulas passeio e, salve algumas exceções, a
secretaria de educação disponibilizou o transporte ou ajudou financeiramente na
realização do projeto. Outro ponto forte é a abundância de recursos didáticos.
Já como pontos mais fracos, têm os baixos vencimentos e a grande
desestrutura familiar de alunos, que chegam às escolas quase sem sonhos e
perspectivas de vida. É um desafio muito grande: ensinar a quem não quer
aprender”.
Venturosa360° - Além da Educação, também podemos observar a sua paixão pela fotografia.
Como surgiu esse hobby? E o que significa hoje essa forma de arte para a sua
vida?
PH – “Surgiu
por acaso. Minha irmã comprou uma máquina semiprofissional e pouco a utilizava por
ter muitas dificuldades para manuseá-la. Então, nas minhas horas vagas comecei
a tentar fazer alguns registros das flores do nosso jardim e do pôr do sol. Enfim,
passei a utilizar a máquina mais do que ela, então Joyce me deu uma de presente”.
Venturosa360° - Você já usou ou pensou em conciliar a fotografia com o seu trabalho de
educador? Ou é apenas uma maneira de aproveitar o seu tempo livre?
PH – “Já
sim. Ano passado iniciei um projeto intitulado “Revelando Venturosa” com o
intuito de registrar algumas das belezas de nosso municÃpio e levar os
estudantes a um melhor conhecimento do meio ambiente no qual estão inseridos e
tive a grata surpresa de ver uma grande sensibilidade no olhar dos educandos e
poder observar a inclusão social de perto já que o vencedor do concurso
fotográfico, que era uma das etapas da sequencia didática, foi Higor Thadeu que
é surdo mudo.
Devido às boas experiências vivenciadas com os estudantes da EJA de Venturosa
decidi estender o trabalho para a EJA de Ibimirim aonde realizei uma mini
exposição fotográfica realizada pelos estudantes sobre praticas sociais e
desenvolvimento sustentável no sertão.
Também fomos agraciados com a vitória no I Concurso de Fotografias da UPE-Garanhuns para o qual incentivei os estudantes da Escola Dr. Manassés a participarem e tentei transmitir para eles uma noção básica de fotografia e fiquei muito contente ao saber que mesmo com pouco tempo de aula e dispondo de poucos recursos tecnológicos conseguimos os quatro primeiros lugares.
Como forma de incentivo e premiação organizei um minicurso de fotografia digital que ocorreu durante as férias para dez dos alunos que mais se destacaram ao longo dos trabalhos. Obs. A secretaria de educação ofertou tanto as premiações individuais para os primeiros colocados do concurso Revelando Venturosa como enviou presentes para os alunos finalistas do concurso da UPE-Garanhuns e também patrocinou o minicurso com Felipe Correa”.
Também fomos agraciados com a vitória no I Concurso de Fotografias da UPE-Garanhuns para o qual incentivei os estudantes da Escola Dr. Manassés a participarem e tentei transmitir para eles uma noção básica de fotografia e fiquei muito contente ao saber que mesmo com pouco tempo de aula e dispondo de poucos recursos tecnológicos conseguimos os quatro primeiros lugares.
Como forma de incentivo e premiação organizei um minicurso de fotografia digital que ocorreu durante as férias para dez dos alunos que mais se destacaram ao longo dos trabalhos. Obs. A secretaria de educação ofertou tanto as premiações individuais para os primeiros colocados do concurso Revelando Venturosa como enviou presentes para os alunos finalistas do concurso da UPE-Garanhuns e também patrocinou o minicurso com Felipe Correa”.
Venturosa360° - Na maioria de suas fotografias, você retrata diversas paisagens locais,
sempre destacando a beleza de nosso cenário. Seria essa uma forma de expressar
o amor por Venturosa? Justifique:
PH – “Sim.
É uma forma de mostrar para as pessoas o que muitas vezes elas não vêem no seu
cotidiano por causa da correria, distração... Estava fotografando um pôr do sol
no centro da cidade, nesse dia estava lindo, pois dava para ver a chuva caindo na
entrada e o sol passando ao lado. As pessoas me olhavam com cara de espanto e perguntavam-se:
o que ele está registrando? Aqui não tem nada demais! O que seria mais bonito
que a chuva caindo nesta nossa terra tão árida?”
Venturosa360° - Suas considerações finais:
PH – “Enfim,
hoje o sistema educacional de nosso paÃs está cheio de falhas e incoerências,
estamos evoluindo, mas ainda em passos lentos. Os professores devem estar
unidos na luta pela melhoria do sistema de ensino, e em nossas salas devemos nos
esforçar para formarmos verdadeiros cidadãos, porque só através da educação é
que vamos transformar nossa sociedade. Como diria Mário Quintana: ‘Se as coisas
são inatingÃveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os
caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!’
Muito obrigado pelo espaço que me foi concedido
para expressar minhas opiniões! Para mim é uma honra ter sido convidado para
esta entrevista; já que achei importante a criação deste quadro para a
solidificação dos direitos democráticos em nosso municÃpio.
‘A
vós graça, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo! Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo’. (Efésios 1:2-3)”
PEDRO
HENRIQUE
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